domingo, 21 de março de 2010

A LENDA DE CEGODIM

Empenhado no desenvolvimento do Reino, EL-Rei D. Dinis, percorria-o frequentemente de norte a sul, estando ausente da sua casa real por largos espaços de tempo.
Jovem e vigoroso, de alma poética e coração dado ao amor, onde a beleza se lhe deparava, aí se mostrava ele apaixonado, lançando-se nos braços de quantas mulheres o seduziam..
Assim visitando as obras de enxugo dos ampos de Lis, deu com uns lindos olhos femininos, pelos quais se enfeitiçou. Moravam ali para as bandas de Monte Real, onde o Rei mandara fazer uma residência de verão.
A Rainha, nessa altura vivia em Leiria, ocupada pela caridosa função de amparar os pobres, as viúvas e os enfermos.
Certo dia , El-Rei, demorou-se muito, muito. Caíu a noite sem ele voltar ao Paço. D. Isabel soube que o marido a tría lá para as bandas de Monte Real. Teve uma ideia luminosa.
Mandou colocar archotes acesos à beira do caminho, de um e de outro lado, por onde o seu Dinis tinha de regressar.
Surpreendido, não encontrou explicação, para tal gesto da esposa, por isso ao chegar ao Paço, logo a interrogou:
-Senhora minha, que ideia foi esta de me mandardes alumiar o caminho por onde passei esta noite?
Cheia de humildade e de amor, sem tardar respondeu, justificando as suas ordens:
-Deus me inspirou que mandasse fazer assim, para Vós verdes como andais cego de amores, por
caminhos desvairados.
El-Rei caíu em si e disse contritamente:
-Na verdade, Senhora, de amores cego vim.
A notícia do episódio espalhou-se entre os cortesãos, veio mesmo para o povo de Leiria e dos Campos do Ulmar, hoje Campos do Lis.
Mas a expressão alterou-se ao rodar dos séculos e de "cego vim", passou a CEGODIM - nome ainda agora dado a essa povoação.

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